Arquitetos debatem resultados da Comissão da Verdade

Arquitetos e urbanistas cobraram maior transparência quanto aos documentos da Ditadura Militar de forma a apresentar à sociedade o que realmente aconteceu em um dos mais duros períodos da história do Brasil. O tema foi abordado durante o 39º ENSA, nesta quinta-feira (26/11), em Campo Grande (MS).

A mesa de debates teve início com a apresentação de dados sobre a Comissão Nacional da Memória, Verdade e Justiça pelo coordenador do Centro de Documentação e Memória Sindical da CUT, Antonio José Marques. O arquivista apresentou relatos e casos que sensibilizaram os presentes. Entre eles, a arquiteta e urbanista Valeska Pinto, que foi presa e torturada durante o período. Crítica sobre os primeiros resultados da Comissão da Verdade, a ex-presidente da FNA, disse que ainda há lacunas a serem respondidas. Uma delas é a falta de colaboração por parte das Forças Armadas, que, segundo ela, seguem ocultando informações importantes para fechar essa chaga na sociedade brasileira. “A Comissão da Verdade encerrou-se sem nenhuma admissão de intervenção militar, de tortura, de desparecimento ou morte. Não houve nenhum reconhecimento, nenhum pedido de desculpas”. Mas reforçou que o esforço da CUT não foi em vão e que o que se tentou foi jogar luz sobre outras vítimas que não estão nos livros e registros. “Essa luz pode nos dar, no futuro, um alento”, projetou.

Valeska alertou que falta um elo do processo nefasto da ditadura a ser exposto: os responsáveis civis, que deram respaldo econômico ao golpe e construíram impérios. “Essa foi uma Comissão que estudou apenas parte da verdade”. Antonio José Marques pontuou que alguns empresários patrocinaram diretamente ações de repressão e que o debate sobre as marcas da ditadura da sociedade estão cada vez mais atuais.

Ditadura e Arquitetura

Em sua manifestação, o representante da CUT lembrou que o período da ditadura está relacionado ao crescimento das cidades e à favelização. “A ditadura e a política econômica e social que resultou dela levaram ao que as cidades são hoje”.

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