Simpósio SOS Brasil Soberano debate resistência e programa para o país

O IV Simpósio SOS Brasil Soberano – Brasil, 2035: um país justo e soberano, realizado nos dias 13 e 14 de julho, em Curitiba (PR), reuniu 150 participantes, entre ativistas, estudantes, sindicalistas, acadêmicos e políticos, além de ter alcançado outras cerca de 45 mil pessoas por meio de transmissão ao vivo por redes sociais e blogs parceiros. O encontro debateu propostas envolvendo investimentos públicos em educação, políticas industriais de fortalecimento da tecnologia e do emprego, reforma agrária, novos marcos legais para a radiodifusão e as telecomunicações, entre outras. O secretário de Educação, Cultura e Comunicação Sindical da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Ormy Hutner Júnior, participou do evento.  O próximo Simpósio SOS Brasil Soberano está programado para o dia 19 de agosto, em Brasília (DF), com o tema “Os militares, a política e a soberania nacional”.

A síntese das apresentações de todos os simpósios estará disponível em breve nos “Cadernos da Soberania”, segundo um dos coordenadores do projeto, o historiador Francisco Teixeira. “O objetivo é que as propostas debatidas no simpósio sejam discutidas por vários segmentos sociais, circulem pelas cidades, e contribuam para a formulação de uma plataforma nacional que responda simultaneamente à demanda urgente de resistir às medidas regressivas e antinacionais do golpe, e também à necessidade de as forças progressistas construírem um projeto de longo prazo para o país”, diz.

Os Simpósios SOS Brasil Soberano são uma iniciativa do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), e contaram com o apoio dos sindicatos de engenheiros no Paraná (Senge-PR), em Minas Gerais (Senge-MG) e na Bahia (Senge-BA), respectivamente para a realização da quarta, terceira e segunda edição do evento.

Na avaliação do historiador, o afastamento da presidente Dilma Rousseff fez parte de um processo mais amplo para mudar o estatuto do país, que vinha se posicionando como potência na ordem mundial, e fazê-lo retroceder ao papel de colônia subalterna extrativista. “Entendemos que a mudança proposta pelo golpe estava acontecendo por meio de uma alavanca, que eram as engenharias”, explica. “Desde a crise de 2008, as estruturas de dominação da ordem mundial procuram se reorganizar, e não podem de maneira alguma permitir que nações emergentes assumam posição diferenciada. Por seu lugar estratégico, uma a uma as grandes empresas de engenharia começaram a ser punidas e demolidas. Diferentemente de todos os outros países, onde punem as pessoas e salvam as empresas – inclusive na Alemanha depois da Segunda Guerra, que condenou seus executivos mas poupou as companhias que colaboraram com o nazismo –, aqui, ao contrário, as pessoas ganharam salvo conduto e as empresas foram punidas. Os CPNJs punidos, e os CPFs premiados. Por aí se destrói a capacidade de inovação do país.”

Para o presidente do Senge-RJ, Olímpio dos Santos, são tempos “difíceis e complicados”, com uma mudança significativa de eixo de hegemonia política, e o avanço do capital financeiro sobre os Estados. “Precisamos estar à altura do momento, ter capacidade de organização e de luta. E é com esse espírito que fazemos esse debate.” Já o presidente do Senge-PR, Carlos Bittencourt, lembrou que o golpe resultou de uma aliança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com o setor financeiro, para tirar direitos e instituir uma conjuntura similar a dos anos 1920 ou 30, anteriores à CLT, com um modelo de ausência de direitos equivalente a dos trabalhadores domésticos da Colômbia.

As questões levantadas nos simpósios não podem se esgotar nos eventos, mas se desdobrarem em outras rodas de conversas, defende o presidente da Fisenge, Clovis Nascimento. Apesar da condenação sem provas do ex-presidente Lula ou da reforma trabalhista sem precedente na história mundial – “nem a Tatcher, nem o Pinochet conseguiram fazer algo tão destruidor para a classe trabalhadora”, destaca Clovis. Ele observa que ainda há grande apatia por parte da população. “Temos que levar as pessoas para rua”, alerta. “A Fisenge está na resistência, vai para a rua ao lado daqueles que querem um Brasil livre, pujante, um Brasil dos brasileiros. Nós vamos pras ruas, a Fisenge, o Senge-RJ, todos os sindicatos continuarão na resistência.”

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