Processos digitais para as casas do futuro

Autor: Bruna Karpinski, Assessoria de Comunicação da FNA

O uso de impressoras 3D na Arquitetura e Urbanismo é uma tendência que, aos poucos, começa a se tornar realidade. Em um futuro breve, será possível construir casas e até edifícios utilizando a tecnologia. Enquanto isso, arquitetos e urbanistas fazem experimentos e transformam trabalhos até então manuais, como a confecção de uma maquete, em processos digitais. Esta é a área de atuação do arquiteto e urbanista Gilfranco Alves, que integra o grupo de pesquisa algo+ritmo, ligado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Considerando esta nova possibilidade, Alves dedica-se à pesquisa acadêmica de prototipagem e fabricação digital. “Esta mudança está acontecendo, mas como tudo que é tecnológico, tem um custo”, alerta sobre a tendência. A fabricação de pequenos modelos é feita por meio de impressão 3D que utiliza filamento de plástico ABS e serve para representar, em escala reduzida, obras de arquitetura. É um avanço que vai influenciar no modo como a Arquitetura e Urbanismo pode ser produzida.

“A prototipagem viabiliza a materialização de modelos em escala reduzida ou partes de um protótipo em escala real, que permite testar e materializar tudo o que foi modelado digitalmente”, explica. Alves destaca que o processo de fabricação digital expande o horizonte e permite produzir em série objetos únicos, personalizados. “Esta nova realidade pensada para levar este benefício a toda a população, especialmente os que têm menos recursos, abre uma frente muito promissora de atuação para Arquitetos e Urbanistas”, avalia.

Entre os projetos desenvolvidos pelo algo+ritmo, Alves destaca o Banco 50 ou Fifty Bench. Instalado no hall do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMS, o projeto levou em conta necessidades relacionadas ao espaço de descanso, convívio e integração. Explorando geometrias e novas possibilidades de apropriação do espaço coletivo, foram utilizadas técnicas de fabricação digital e design paramétrico – método fundamentado em criação e modelagem digital. Nenhuma das peças que constituem o banco é igual à outra, evidenciando a possibilidade de produzir em série, porém, de forma personalizada. Outro projeto de destaque foi a confecção dos troféus do prêmio Arquiteto e Urbanista do Ano 2015 para a FNA.

Trajetória

Formado pela Universidade Federal de Pelotas (RS) em 1994, Alves tem passagem por escritórios de Arquitetura e Urbanismo. Mudou-se para Campo Grande (MS) em 2004, onde fez especialização em Design de Interiores pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (2006) e mestrado em Estudos de Linguagens pela UFMS. Mas foi em 2011, quando ingressou no doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, que o profissional teve o primeiro contato com os processos de fabricação digital, pois trabalhou no Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares Interativo. “Devo ao Nomads minha formação como pesquisador e a base metodológica que hoje aplicamos no algo+ritmo”, destaca o arquiteto e urbanista, que continua ligado ao núcleo por meio de uma rede de pesquisadores e grupos de pesquisa interinstitucional.

Alves começou a carreira docente na UFMS como professor substituto. Atualmente, como professor adjunto, ministra as disciplinas de Projeto, Desenho e Representação, Representação e Criação Digital e Teoria e Estética da Arquitetura. Também já lecionou da UNIDERP e na UNIGRAN em Dourados. “O arquiteto e urbanista possui uma formação bastante ampla e multidisciplinar. Acredito que é justamente essa amplitude que nos permite dialogar com todas as pessoas e com todos os outros profissionais em muitos e diferentes níveis. Cada vez mais, estamos migrando de uma posição onde a representação era fundamental para o processo de projeto, para outra posição onde são extremamente necessários, o controle e o gerenciamento da informação”, avalia o estudioso.

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