Por uma arquitetura mais sustentável

O arquiteto e urbanista Celso Costa Filho, de Campo Grande (MS), desenvolve desde 2011, uma década após ter conquistado seu diploma na Universidade Anhanguera (Uniderp), no mesmo município, um projeto que foca, exclusivamente, a construção de moradias sustentáveis. Ele decidiu investir seu tempo de pesquisa e trabalho para a criação de imóveis ecológicos, mais baratos e com tratamento térmico e acústico: as casas feitas com containers.

 

As estruturas, que antes eram utilizadas para o transporte de cargas, desafiaram a curiosidade do arquiteto e urbanista. Na época, nenhum profissional atuava no ramo no Brasil, segundo Filho. “Fiz algumas pesquisas a respeito de casas sustentáveis e observei que os modelos a serem estudados não saiam do modo convencional de construir, continuando com desperdício de materiais e consumo de energia e água muito intenso. Foi quando vi casas americanas e europeias construídas a partir dos containers, e resolvi encarar esse sistema construtivo, trazendo para nossa realidade e clima tropical”, explicou.

 

A primeira casa de container assinada por Filho foi projetada a partir de um container marítimo de 40 pés, que mede aproximadamente 30 metros quadrados, com um quarto, um banheiro, sala de TV e cozinha americana. Na parte externa, há um deck ecológico em uma das laterais. Além disso, foi projetado um telhado verde para auxiliar na regulagem da temperatura interna. Uma das características dos projetos é manter ao máximo as condições naturais do terreno, com o solo 100% permeável. Isso permite, segundo ele, uma economia no orçamento, uma vez que elimina os gastos prévios que uma obra convencional exige.

 

Ao todo, mais de 15 casas já foram entregues e outros 60 projetos estão em andamento. As residências ganham forma podendo ser unidas lado a lado ou empilhadas. Algumas das moradias tornam-se prédios de até cinco andares. “O foco é exclusivamente na sustentabilidade. É a energia reversa, transformando o lixo em luxo”, afirmou. “As casas são de aço cortem, muito resistentes. Estruturalmente aceitam até 300 toneladas de carga quando falamos do container 40 pés”.

 

Foto: Alexsandra Oliveira.
Foto: Alexsandra Oliveira.

A ideia foi desenvolvida após a passagem do arquiteto por São Paulo (SP), onde ele residiu por sete anos e gerenciou a construção de bairros populares, além de ter trabalhado um escritório de manutenção predial. “Acredito que as construções no Brasil precisam ser repensadas. O número de entulhos e o consumo desnecessário de água, luz e tempo de obra precisam ser otimizados. Enquanto em uma obra convencional (tijolo por tijolo) envolve um time elevado de profissionais, esse sistema construtivo, além de ser rápido, é muito melhor acabado e sem desperdício”, defendeu.

 

Por outro lado, ainda não existe uma forma de financiamento para esse tipo de imóvel. “Quando houver, certamente não vamos conseguir popularizar esse sistema construtivo, devido ao custo de MO especializada, tratamento térmico e qualidade dos materiais empregados”. Porém, independente disso, Filho aposta na proposta de construir no que acredita que poderá ser transformador.

 

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