Entre Pontos de Vista: Por uma arquitetura acessível

Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o arquiteto Marcio Cardoso Barreto, de 30 anos, ainda na academia, percebeu a importância da profissão que escolheu e compreendeu que todos, sem exceções, deveriam ter acesso a um profissional da arquitetura para as suas construções.

No período da formação acadêmica, segundo ele, o mercado para o arquiteto era favorável, o que possibilitou o início da carreira profissional em uma empresa multinacional. Além disso, Barreto também fazia projetos como autônomo para o conhecido “cliente-padrão” da arquitetura.

Com o passar dos anos, ele acabou desenvolvendo projetos de casas, interiores de apartamentos novos, projetos de reformas e ampliações de escolas. No entanto, não demorou muito para que a necessidade de se reinventar aflorasse. Foi nesse momento que Barreto não teve dúvidas e criou o lema: “O projeto dos seus sonhos agora cabe no seu bolso”. O objetivo do serviço é alinhar menor custo e agilidade.

 

Confira a entrevista:

1. Como funciona o projeto?

O cliente entra em contato com a Arquitetura do Barreto, através do e-mail, enviando fotos e medidas do ambiente e o que está planejando para o espaço. Com essas informações consigo enviar um orçamento prévio do serviço que será prestado. Após essa etapa é marcada a reunião para o desenvolvimento da Consultoria, na qual me desloco até a casa do cliente e desenvolvo o Projeto Conceitual com imagens 3D. Todo o processo tem a participação do cliente, otimizando tempo e garantindo a satisfação do produto final. Após a conclusão do serviço o contratante recebe as imagens digitalizadas e medidas que nortearão a realização do seu sonho.

 

2. O que você busca quando fala em uma arquitetura mais acessível?

Busco disseminar o serviço do arquiteto para toda a população. A intenção foi criar um modelo de negócio que conseguisse viabilizar o atendimento das classes menos abastadas, sem ter a necessidade do financiamento de algum programa social. Nos primeiros passos, com o contato dos primeiros clientes, percebi que toda a população tem ciência e sabe a importância das atividades desenvolvidas por um arquiteto, mas nós não somos acessíveis. Muitos deixam de entrar em contato com os escritórios de arquitetura por terem a ideia prévia de que os serviços dos arquitetos são apenas para a população com maior poder aquisitivo. Precisamos quebrar esse estereótipo.

 

3. Qual é o público alvo?

Todas as famílias que tenham o sonho de ter uma casa bonita, confortável e funcional, mas que até o momento não pensavam em adquirir o serviço do arquiteto por limitações financeiras.

 

4. O que mudou desde que a sua atuação foi direcionada para este público?

Muita coisa mudou. O cenário de escassez de clientes modificou com a divulgação do trabalho. De fato, famílias com menor poder aquisitivo tem adquirido os meus serviços. Confesso estar sendo muito gratificante trabalhar para pessoas muito especiais, que são bem atentas a tudo que está sendo explicado, escutam as sugestões e passam a aprender sobre arquitetura. Elas começam a entender a função de cada espaço e perceber que simples alterações podem lhe render muito conforto, além de tornar suas obras mais assertivas, evitando o retrabalho e gastos desnecessários.

Além disso, me agradecem com todo o carinho e expressam suas emoções através das palavras e olhares emocionados de gratidão após a realização do serviço. Fico com a sensação de aprendizado mútuo. Em cada cliente percebo uma nova forma de viver o espaço com suas necessidades e limitações.

 

5. Qual a mudança que você almeja inspirar a partir do seu posicionamento no mercado?

Além da satisfação dos clientes, comecei a perceber o apoio de muitos arquitetos e estudantes de arquitetura, com mensagens que expressavam admiração e possível vontade de iniciar esse trabalho também. Desejo que mais profissionais (tanto da área de arquitetura quanto de outros ramos) se interessem em desenvolver seus trabalhos de forma mais acessíveis.

Para isso, é preciso estudar a fundo o próprio negócio e reinventar os modelos de atuação tradicionais de cada classe, eles acabam limitando o público consumidor. Desta forma, abriremos espaço para mais pessoas consumirem os serviços e mais profissionais exercerem suas atividades e mostrarem seus dons. Um caminho onde todos serão favorecidos.

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