Comprometimento com a paisagem sonora das cidades

A arquiteta e urbanista Carolina Rodrigues Monteiro, 33 anos, nascida em Curitiba (PR) e residente em São Paulo (SP), onde atua atualmente como coordenadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Harmonia Acústica, tem uma trajetória voltada ao comprometimento com a paisagem sonora das cidades. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco, com mestrado em Engenharia Acústica e Vibrações, e doutorado em Engenharia Acústica, ambos pela Universidad de Valladolid, na Espanha, iniciou em 2009 a sua relação com a acústica, ao entrar no programa de mestrado. Durante o curso, estreitou os laços e teve relacionamento com as diversas áreas da acústica, como de edifícios, de salas especiais, ambiental e industrial. Além disso, também atuou em empresa da área e teve a oportunidade de participar de projetos de pesquisa Europeus e de reuniões de elaboração de normas internacionais.

Carolina considera que o ruído é um dos agentes (físico e socioeconômico) contaminantes que influi diretamente na qualidade ambiental, sendo capaz de interferir no bem-estar imediato e saúde das pessoas e animais. Segundo ela, é necessário fazer uma análise abrangente sobre o tema. “Por um lado, é um problema de saúde pública, já que é o segundo maior agente poluidor, depois da poluição do ar”, lembra. Na Europa, o ruído ambiental causou, a cada ano, pelo menos 10 mil mortes prematuras, mais de 900 mil casos de hipertensão e 43 mil internações hospitalares, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por outro lado, é causa também de problemas psicológicos, assim como sensação de perturbação, irritação, distúrbios do sono, etc. “O trabalho da acústica é proporcionar proteção (isolamento acústico) e conforto (condicionamento acústico)”, observa. Tarefa essa pela qual a arquiteta despende seu conhecimento e interesse em um mercado que está aquecido, segundo ela, principalmente devido às atividades organizadas pela Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica), e à inclusão de requisitos acústicos na norma de desempenho NBR 15.575. “O mercado da construção está mais sensibilizado e disposto a se adaptar à nova realidade”.

A maior dificuldade, no entanto, é a sensibilização dos atores – governo, população e construtoras – sobre a importância de um projeto acústico tanto para a edificação quanto para as cidades. “No âmbito da construção, é fundamental incluir o estudo acústico na fase de projeto, já que é complicadíssimo tomar medidas mitigadoras com os edifícios já executados. No âmbito administrativo é fundamental o comprometimento em todos os níveis, para a criação de leis e a integração da acústica ambiental nos instrumentos de planificação urbana e territorial”, ressalta.

Carolina destaca, ainda, que a população precisa conhecer melhor a importância da acústica, na busca por uma melhor qualidade de vida e conforto. “E, assim, exigir construções de melhor qualidade e mais comprometimento do poder público com a paisagem sonora das cidades”, conclui.

Acesse aqui alguns dos projetos com participação da arquiteta: 

>>> http://www.cost.eu/media/publications/Building-acoustics-throughout-Europe-Volume-1-Towards-a-common-framework-in-building-acoustics-throughout-Europe

>>> http://www.cost.eu/COST_Actions/tud/TU1303

 

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